Aprendi imenso! Hoje em dia, não folheio um livro com os mesmos olhos.
E porque é que aprendi tanto?
Porque arrisquei!
Publiquei, até agora, dois livros infantis – «Gosto de Ti porque Sim!» e «Salvas por um fio!» – e um livro dirigido ao público adulto – «Mulheres».
E?…
E são todos, por opção, edições de autor!
Por essa razão, tive de trabalhar muito. Tive de aprender todos os passos necessários ao nascimento de um livro.
Aprendi com cada manuscrito…
Tento escrever todos os dias um bocadinho. Às vezes, é possível. Outras vezes, não…
Preciso de algum sossego para escrever e isso nem sempre é fácil numa casa com miúdos, mas, sempre que os astros conspiram a meu favor, tenho, ao fim da tarde, uma horinha só para mim. É preciosa e não tenho paciência para a desperdiçar com tarefas domésticas. Prefiro ter umas tantas coisas fora do lugar – que arrumo depois! – e passar esses trezentos e sessenta segundos a escrever.
Há dias em que as palavras fluem. Há outros em que a escrita é um campo de batalha: escrevo, apago, escrevo de novo, reescrevo… suspiro…
Há alguns momentos até em que sou invadida pelo pânico e penso: Pronto… lá se foi a tua veia de escritora… a inspiração e o jeito dissiparam-se no ar, sumiram!
Mas, na verdade, o que tenho aprendido é que… todos esses momentos fazem parte da vida de quem escreve. As frases manhosas fazem parte do caminho. Não é possível escrever sem reescrever. As palavras que vão surgindo no papel servem sempre de chão para versões melhoradas. São ideias que ficam a germinar. Que precisam de umas horas ou dias de pousio para ganharem forma. Para ganharem força!
Aprendi com todas as sugestões que me fizeram…
Os leitores-beta foram preciosos e sempre serão!
Parece mentira, mas é a mais pura das verdades: depois de ter relido um manuscrito vezes sem contas, perco a capacidade de me aperceber das gralhas. Juro-vos! O meu sentido crítico fica atordoado e os erros tornam-se invisíveis.
E, por isso, não há como escapar: quando o manuscrito está pronto, tem de ser passado a pente fino por terceiros, com a certeza de que o seu olhar, diferente do nosso, é crucial para a qualidade da escrita.
Os leitores-beta ajudaram-me muito a identificar passagens menos claras, pequenas incongruências e gralhas. E… tornaram visíveis os tais erros que, para mim, já não existiam!
Fiz também questão de pedir uma revisão profissional para todos os meus manuscritos.
Há sempre detalhes que podem ser melhorados. Vírgulas que nos dão cabo do juízo! Sinónimos que não nos tinham vindo à ideia. Frases que ficam mais bonitas se lhes for dada uma reviravolta.
Não me arrependo de ter investido numa revisão profissional, até porque a análise das correções e dos comentários foi também um momento de aprendizagem.
Aprendi quando tive de escolher quem iria fazer as ilustrações e o design…
Nos livros infantis, as ilustrações têm tanta importância quanto o texto. São duas linguagens distintas que se entrelaçam, que se complementam. As palavras dão vida às ilustrações e as ilustrações fazem vibrar as palavras.
Além disso, não basta ter um bom texto e umas ilustrações lindas. É preciso arrumá-las dentro de um livro. Parece fácil, não é? Mas, deixem-me que vos diga: apercebi-me que o design é bem mais trabalhoso do que se pode imaginar!
A paginação pode ser um desafio. Um desafio fascinante que apela à criatividade e ao sentido estético. Mas também que obriga a lidar com imprevistos e com aquelas frases tremendamente chatas que teimam em não caber no sítio certo.
Escolhi os ilustradores sem pressa. Sabia que era um passo importante. Tive a sorte de ter encontrado ilustradores fantásticos, com quem adorei trabalhar. E tive também a sorte de ter encontrado uma designer muito criativa e com uma paciência de anjo!
Um dia, falo-vos sobre eles: Sandra Serra, Rui Sousa, Catarina França – a ilustradora do meu livro «Missão: Galápagos», que sairá em breve! – e Sara Fonseca.
E… quando, depois de uma longa caminhada, chegam os livros! Que emoção!
Com muita pena minha, não pude – ainda! – entrar numa gráfica para ir ver as provas. Três mil e seiscentos quilómetros separam a Suécia de Portugal… É fácil perceber a razão!
Amigas, família e os demais envolvidos na criação dos livros têm-me ajudado nesta missão! Sou-lhes super grata!
E… deixem-me que partilhe convosco…
… fico sempre comovida quando chego a Lisboa e tenho um livro novo à minha espera!