Há quem me chame a «miúda das meias»…
É verdade!… Passei a olhar para as meias com outros olhos quando me tornei mãe pela segunda vez.
Olhar para as meias com outros olhos?!… Porquê?
Porque no dia 21 de março as meias saem das gavetas com uma missão especial. Deixam de ser umas simples peças de vestuário e tornam-se, durante vinte e quatro horas, em super-heroínas!
Andam pelas ruas e deixam-se fotografar. Ficam loucas com os paparazzi! Mostram – com alegria! – as suas melhores cores e os seus melhores padrões.
Mas não o fazem da forma mais habitual. Querem ser vistas. Querem ser ouvidas! E, por isso, deixam os seus pares em casa.
A meia azul, às riscas, de algodão dá a mão à meia vermelha, às pintas, de lã e caminham juntas, lado a lado, uma em cada pé!
Neste dia, as meias desirmanadas saem à rua. Dão a cara. Apelam ao respeito pelo outro e pela sua singularidade. Celebram a diferença!
Neste dia, há pessoas em todo o mundo a usar meias diferentes. Um gesto tão simples e, ao mesmo tempo, tão belo.
O dia 21 de março é o dia internacional da Síndrome de Down. Este dia (21/3) foi escolhido por representar a triplicação (trissomia) do cromossoma número 21 que está na origem desta síndrome.
Sim, quando o Lucas nasceu… as meias ganharam um novo significado na minha vida. Quis, por isso, torná-las as personagens principais de um livro infantil.
E, assim, nasceu o desejo de escrever o «Salvas por um Fio»!
E quando a realidade se mistura com a fantasia?
Quando a realidade se mistura com a fantasia… é fantástico! Espicaça a imaginação. Convida o leitor a levantar voo, a acreditar que tudo é possível, a sonhar.
Para onde vão as meias que perdem os pares é um daqueles mistérios do quotidiano que ainda ninguém conseguiu desvendar e que intriga muitas famílias.
Há quem fique de cabelos em pé com o sumiço das meias. Há quem faça disso uma piada. Há quem colecione meias perdidas à espera do dia em que se dê o feliz reencontro entre duas meias do mesmo par. Há quem queira escrever sobre elas… como eu!
Sempre guardei as meias solitárias, na certeza de que um dia haveria de encontrar o seu par. Ficavam arrumadas, meses sem fim, num lugar recôndido de um qualquer armário, à espera de melhores dias. Mas, a verdade é que a grande maioria raramente voltava ver a luz do dia.
Até que… percebi que mereciam melhor destino!
Hoje, dão mais cor aos pés da nossa família… habitam o nosso dia-a-dia. Fazem-nos companhia em casa ou quando saímos. Relembram, a toda a hora, como é bom sermos diferentes!
Uma história de união que celebra a beleza da diferença!
O «Salvas por um Fio!» nasceu em novembro de 2022. Vários meses de trabalho – meus, do ilustrador Rui Sousa e da designer Sara Fonseca – antecederam a sua vinda ao mundo.
Escrever a história, aliando realidade e fantasia, foi muito divertido. Foi algo novo para mim!
Depois de uma situação banal do quotidiano de qualquer família – o tal momento em que aparece, na bacia da roupa, mais uma meia sem par! – surge o inesperado: as meias, ao molho dentro de um armário, começam a falar!
Dar vida às meias, escolher os nomes, conferir-lhes personalidades diferentes e imaginar os diálogos foi uma aventura. Uma aventura maravilhosa!
E muito desafiante foi também conseguir que estas meias sem par – únicas! – mostrassem o seu valor… mostrassem que a vida é muito mais colorida quando se tornam parte do dia-a-dia..
Assistir ao nascimento das meias pelas mãos do Rui Sousa foi tãoooo bom! Acompanhar o trabalho da Sara Fonseca e ver o livro a ganhar forma foi mágico! E acreditem… foi um desafio conseguir criar dois ambientes diferentes e a Sara fê-lo na perfeição!
E tu? Estás pronto(a) para calçar meias desirmanadas ou para dar uma nova vida às tuas meias sem par?
Fico a torcer para que respondas: SIM!!!